deixa ela viver a realidade que ela mesma criou e tomou para si.

"Doce menina destemida. Sonha acordada, imagina falsas realidades, vive mais em seu mundo do que no mundo físico. Canta, dança, chora, berra, sorri, tudo em um piscar de olhos, tudo sem mover um dedo. Se olhar para a menina ira vê-la gargalhando com o vento, se emocionando com os raios de sol, celebrando com pessoas que não conhece, se esbaldando com pessoas que não existem. Não procure por essa menina sóbria, seus conselhos mais sinceros, seus olhares mais profundos, se revelam somente quando ela está a se embebedar com seus pensamentos. Sua desatenção é o que lhe foi dado de mais precioso. Os vultos em sua cabeça são os melhores acalantos. Louca, dirá quando a ver, não poderá deixar de estar certo, são loucos sim aqueles que veem o que não existem, escutam o que não é falando, sentem o que não se manifesta. Louca ela é, perdeu o juízo na primeira vez em que o ar entrou em seus pulmões recém-nascidos. Porém que mal a de ter? Que mal teria um pouco de insanidade? Que mal causaria ela viver, em sua cabeça, do jeito que ela queria que as coisas fossem? Se embriagar com as histórias que cria em sua cabeça é tão prazerosamente fácil. Não viver a realidade é sandice, então deixa a menina viver, deixa ela viver a realidade que ela mesma criou e tomou para si."