Querida vida!

Ai, vida. Eu queria te pedir desculpas. Não, sério, queria mesmo. Sei que é meio tarde pra isso, e que em algum momento eu vou acabar ignorando meu pedido de agora e repetindo os mesmos erros, porque é assim que funciona, mas desculpa mesmo. Desculpa por te chamar de injusta o tempo todo, como se você fosse um ser maior dotado da dádiva de decidir quando me ferrar só por diversão, e não alguém que sofre as conseqüências daquilo que eu e as pessoas à minha volta decidimos. Nunca percebi o quanto esse meu pensamento podia estar errado, como você simplesmente não faz por querer. Desculpa também por todas as vezes que te chamei de cruel; você não tem culpa se as pessoas são cruéis, se os outros não ligam, ou se eu sou sensível demais e não consigo me reerguer. Desculpa por ter culpar pelos meus fracassos, pelas minhas noites de sofrimento, desculpa mesmo por derramar tudo em cima de você e esquecer que você não é vivida sozinha. Ai, vida, vida, sinto muito por muitas vezes não ver como você pode ser bonita mesmo nas piores horas, como as coisas simples são as que mais me fazem feliz. Ah, e eu sinto tanto pelas vezes que esqueci de você, quando me importei demais com os outros e te anulei, te ignorei e te deixei passar! Vida, se eu pudesse recuperar nossos bons momentos que hoje significam tanto pra mim, eu os aproveitaria mais; ou talvez não. Paradoxos. Vai saber. Na verdade, vida, eu só queria mesmo era te dizer obrigada. Por estar ai, por tudo que me proporciona, pelo ar que eu respiro, pela oportunidade que alguns não têm. Por ser minha.